Por Éden António
Teta Lando foi um dos maiores artistas angolanos, um ser singular muito brilhante, um genio importantissimo da cultura angolana, nenhum outro artista escreveu e defendeu mais do ele o orgulho de ser angolano, o valor da beleza negra, a valorizacao da consciência negra angolana, a forca de viver e ser alguem, conquistar o nosso espaco como senhores do nosso destino, esquecer os problemas e seguir em frente, ele falava desses assuntos abertamente em suas canções e intervistas.
A sua musicalidade era vibrante, rica em instrumentos de sopros e com uma percussão africana variada, uma mistura Jazz de Angola, merengue Bacongo com musica urbana angolana antiga, baladas nacionais cheias de melancolia e nostalgia, mas também cheias de amor e esperança, as suas letras são verdadeiros poemas, choros alegres, hinos de motivação para levantar a moral de um povo muito sofrido, mas heroico e humilde (povo de Angola).
Mukongo do Norte de Angola, ele era uma força cultural, o maior embaixador da resistência contra o preconceito e da inteligência emocional e ele cantava com alma o seu amor pelo seu país e pela sua terra. A sua música rompeu barreiras e fronteiras e conquistou muitos povos várias gerações, nenhum outro musico angolano gravou mais do ele e também nenhum teve as suas musicas regravadas ou com versões ou remix do que o icônico Teta Lando.
Teta Lando
Alberto Teta Lando, natural de Mbanza Kongo, província do Zaire, nasceu aos 2 de Junho de 1948 e começou a sua carreira artística nos anos 60, actuando em festas escolares. Filho de um rico fazendeiro do Uíge (Alberto Teta Lando), descendente da família real do Reino do Congo, Teta Lando cresce numa família que reúne de 28 a 32 irmãos.
Em 1961 aos 13 anos idade, vê o pai ser cruelmente morto no início das lutas pela independência. Uma memória traumática que marcará a vivência da sua vida e que soube transformar em músicas vanguardistas que inspiram para a necessidade de Paz, Irmandade e União do Povo Angolano. (Angolano segue em Frente, Irmão ama o teu Irmão, Funge de Domingo, Esperanças Idosas). Publicado no Facebook por Eduardodracula Matumona
Estreia-se como cantor em Lisboa, o seu primeiro disco foi um grande sucesso, ele conquistou o seu primeiro disco d’ouro em Angola em 1974 e um lugar entre os melhores músicos angolanos.
Vê-se forçado pela guerra de Independência em 1974, a exilar-se, instala-se em França, durante mais de 10 anos, ascende profissionalmente como cantor africano, ficando mais de 2 meses no primeiro lugar do Top África com a música com título “Sonho de um camponês”, verdadeiro Hino Angolano, que rasga a alma e toca no fundo dos corações dos Africanos no seu todo. Publicado no Facebook por Eduardodracula Matumona
Musicalidade
Em suas canções Teta Lando evoca um profundo sentido de identidade subjacente à experiência e sentimento dos Bakongos, derivado do período anterior e pós-independência de Angola em 1975. Os seus ritmos, as suas composições são um museu da nossa angolanidade musical, Teta Lando traz consigo uma herança familiar de artistas desde os seus avôs, mãe, irmãos, primos que tocavam, cantavam, componham, pintavam, eles fazem parte de um geração rara de mestres que descobriram muito cedo a necessidade de dominar as habilidades da arte com dedicação e disciplina.
A sua musica tem uma pequena influência de rumba congolesa, dos sabores musicais da cultura Kicongo, merengue, kembo, kilapanga, semba contagiante do antigamente, com jazz de Angola e soul music africano (choro angolano).
Choro angolano é um estilo musical melancólico criado durante a era colonial para lamentar o sofrimento e as injustas do povo branco, depois esse mesmo estilo tornou musica de resistência anticolonial, Teta Lando com a canção “Angolano Segue Em Frente” marcou o seu nome na história da luta de libertação pela independência de Angola.
Envolveu o país no espirito de patriotismo que juntava jovens negros, branco, mestiços e cafuzos, todos angolanos, nessa altura outros cantores como Artur Nunes, Urbano de Castro, David Zé, Vlademar Bastos e muitos outros deram voz a esse estilo musical clássico que continua a contar as historias de Angola, antigas e actuais, tradicionais ou politicas, mas que não morrem, passaram de geração para geração e continuam e a contar a historia dos povos de Angola.
A guerra de Angola, causou muito sofrimento, muitos problemas socias e econômicos logo influenciou as historia contadas pelos os artistas angolanos, o sentimento de resistência as injustiças do colono foi substituído pelas feridas das balas, dos nossos irmãos, fogo amigo.
Ele também cantava o sonho angolano, as festas de quintal, o funge de Domingo, a beleza da mulher negra dos musseques e dos kimbos com estilos musicas urbanos e modernos do seu tempo, as suas poesias eram cantadas e assentavam perfeitamente nas melodias que ele próprio criava numa cadencia rítmica genial, mestre magico e poeta mesmo de longe ele estava ligado a Angola, as suas musicas retratavam a realidade dos com uma pureza só vista pelos olhos de quem vivia nas cidades principais de Angola era impressionante como ele fazia a leitura dos tempo.
Membro fundador do grupo Merengues, membro do grupo Show África, ele vivia a música, respeitava-a e trabalhava seriamente para que o governo angolano cria-se um estatuto para os músicos, desde o compositor aos instrumentistas e produtores, ele era um estudante empenhado e chegou construir uma editora em Angola com estúdio e lojas de venda de discos e reeditava sucessos antigos de músicos angolanos, porque ele sentia a necessidade da valorização dos mestres da música angolana, a criação de academias de música, no seu coração Teta Lando entendia que Angola devia proteger a sua herança cultural musical e criar as bases ou os pilares da sua indústria de musica, a sua visão era grande demais para o governo da época.
M’banza Congo
O sofrimento do povo Bakongo esta entre as muitas lamentações nas baladas de Teta Lando, como escrevi acima o choro angolano é um estilo de música que aparece em todos os albuns gravados de Teta Lando, ele em algumas canções ele defende o desenvolvimento pessoal, em outras canções cantava sobre a importância de amar o nosso irmão, da saudade que sentia pela sua terra, pelos seus amigos, da sua gente e das tradições, saudade que magoava e feria como doença da alma.
NTOYO é uma canção evoca um profundo sentido de identidade subjacente à experiência e sentimento dos Bakongos, derivado do período anterior e posterior à independência de Angola em 1975. Cantada em língua Kicongo Teta Lando nos apresenta um grande macongo, um grave problema numa cadencia ritma maravilhosa muito especial e bem disfarçada para que o colono não pudesse entender, mas exponha um problema recorrente, em que os estrangeiros em sua terra, faziam e desfaziam ao passo que o verdadeiro dono da terra não tinha voz.
Os Bakongos foram o primeiro povo de Angola a serem subjugados pelos portugueses e o primeiro povo a mobilizar e lançar uma guerra de guerrilha contra os colonizadores portugueses em Angola.
No entanto, os portugueses e as novas autoridades angolanas sempre suspeitaram, temeram e ressentiram-se da profunda herança cultural e intelectual dos Bakongos. Baseando-se na experiência passada do Kongo, Lando adapta uma canção folclórica em que um pássaro Ntoyo (águia) tem a sua sabedoria sempre minada e ridicularizada pelos outros pássaros da floresta, apesar de todo o seu esforço para os alertar sobre o perigo iminente de manter pássaros alienígenas a ditar os seus termos em nossa própria terra.
FENACULT 1989
Fenacult é um festival nacional de cultura, organizado pelo ministério da cultura de Angola. Engloba várias categorias no ramo da cultura nomeadamente a dança, música e artes plásticas, nas artes plásticas destacam-se categorias como a escultura, pintura e artesanato.
Festival Nacional de Cultura – FENACULT é um evento que se constitui como um conjunto de actos visando exaltar a cultura nacional, discutir o seu desenvolvimento e apresentar a excelência da herança cultural angolana.
O Fenacult tem como principal objetivo preservar a cultura nacional de modo a que gerações futuras possam orgulhar-se da cultura angolana e não substitui-la por outras culturas que não dizem respeito aos povos de Angola.
Em 1989 realizava-se a primeira edição do Fenacult em Luanda, no Estádio da Cidadela e entre os convidados estava Teta Lando que na aquela altura residia em França, o Estádio estava lotado e os artistas nacionais levaram o povo ao rubro, a alegria mandava na festa, era tempo de guerra mas as guitarras convidavam a plateia para dançar os ritmos quentes de Angola, Teta Lando vem a Angola depois de muito tempo, canta e encanta faz o publico reviver o passado com as suas musicas de interversão e trás de volta o orgulho de um povo ferido e decide viver em Angola.
Em Angola Teta Lando abraça vários projectos musicais, todos de alguma forma ligados a música, ele queria levantar a arte angolana, fazer com que os angolanos fossem os primeiros a valorizam o seu próprio producto a sua própria cultura.
Nos anos 90 em Angola consumia-se muita estrangeira e havia uma mentalidade de que o que vem de fora é que é bom. Acontecia um problema que acontece ate hoje os musico estrangeiros recebiam e ainda recebem um cachê muito super aos dos musico angolanos consagrados e amados pelo povo, ao posicionar contra este tipo de comportamento da autoridades angolanos e promotores culturais daquele Teta Lando era visto como alguém desafia o partido MPLA, mas era verdadeiramente um grande compatriota que não concorda com tudo que a maioria dizia sim. sim esta bom!
Inconformado nunca parou nem abrandou a sua luta e trabalhou para o Governo de várias formas